quarta-feira, 7 de julho de 2010

Povo Cigano 2




SOU CIGANA e estou viva!
Afirmo isso porque, infelizmente o único lugar onde meu povo se vê respeitado são nas casas de umbanda.
Nestes locais somos considerados santos, e nossa cultura é vista com bons olhos, quem sabe, pelos trajes coloridos e pela alegria que demonstramos. Alegria essa que talvez seja apenas uma forma de retribuição devido à maneira com que somos recebidos.
Mas fora dali,… o preconceito nos acompanha por todos os lugares pelos quais passamos.
Somos um povo participativo, mas nossa presença na história deste país foi apagada, ignorada pela sociedade e pelas autoridades.
Hoje somos cerca de 800 mil nômades, vivendo como clandestinos dentro do nosso próprio país.
Meus antepassados chegaram aos portos brasileiros logo após o seu descobrimento e, juntamente com os negros e índios participaram na construção desta nação. Porém a nossa presença foi marginalizada e cercada de lendas que envergonharam nossa raça.
A falta de informação sobre quem somos, e como encaramos nosso modo de viver, transformou-nos em criaturas do sub-mundo, alvo fácil até mesmo para literatos com o quilate de Guimarães Rosa, que no seu livro Sertão Veredas classificou-nos como assaltantes e prostitutas.
Mas somos um povo forte, e feliz. Suportamos as grandes mudanças, passamos com elas e por elas. O mundo antigo nos esmagou, e o moderno nos desqualificou.
Fomos um povo perseguido por grandes reis. Sofremos com a Inquisição, e sobrevivemos ao Holocausto.
Nem mesmo Hitler, a “besta do Apocalipse” nos dizimou por completo. Mas nós sabemos o porquê.
Estamos vivos e ativos… Existimos!
Hoje lutamos por nossos direitos e não exigimos nada que seja impossível, apenas queremos não ser mais ignorados pelo governo e reivindicamos em uma só voz que seja “ Cumprida a Constituição”.
“A forma mais eficiente de baixar a auto-estima de um povo é negar sua cultura”, disse Giovanovitch.

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